CRITICA - TROPA DE ELITE 2

Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro

Olá pessoas, aqui estou agora de férias, para escrever sobre o filme nacional mais incrível de todos os tempos: Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro.

Nascimento em ação

Escrever sobre Tropa 2 logo após o final do filme é ter de lidar com um impacto avassalador. Isso não é pouco num momento de produção excessiva de imagens e informação. Ainda mais com um filme que bate em tanta gente e está aberto a receber pancada de todos os lados. Sobra chumbo grosso para o Sistema, “o povo dos Direitos Humanos”, a politicagem, imprensa sensacionalista e por aí vai. Um filme sofisticado, que deixa claro suas conexões sem ser didático, com uma “pegada” de ação, mas cheio de espaços para conflitos psicológicos. Em Tropa de Elite, filme sucesso de José Padilha, fica-se com duas sensações: primeiro, o trabalho é um marco no cinema brasileiro; pela primeira vez um filme sobre a violência é narrado pelo ponto de vista dos policiais. Segundo, vivemos em um país violento, e não temos para onde correr!

Invasão ao morro

O impressionante sobre a continuação do polêmico Tropa de Elite é a evolução e maturidade mostradas no segundo capítulo. A decisão de envelhecer e trocar Nascimento de cargo (assessor do Secretário de Segurança Pública) é acertada, não apenas para a trama, como para a construção do personagem junto ao público. O Capitão Nascimento de Tropa de Elite 2 é decidido, porém vulnerável. Ao mesmo tempo em que luta contra o sistema, possui uma vida social destruída, agora que é divorciado e tem relação distante com o filho. Ao mesmo tempo, bate de frente com Fraga, deputado e defensor dos direitos humanos, o contraste da personalidade de Nascimento. Para pior, Fraga é o marido da ex-esposa de Nascimento. É o conflito pronto para estourar.

Fraga

A história agora se concentra na segurança pública, no combate às milícias, comandadas por policiais corruptos e bancadas por políticos do mais alto escalão. Por esse ponto de vista, Tropa 2 é muito mais polêmico e provocador do que seu predecessor. O filme mostra aspectos da politicagem que atinge diferentes níveis de poder, mostrando que a luta do capitão Nascimento é muito maior do que ele imaginava combater. É um conflito de poderes e corrupção que funciona na base da ação e reação, que se utiliza de comunidades pobres para enriquecimento ilícito, ao mesmo tempo em que faz campanha eleitoral de forma inescrupulosa e safada. "Pede pra sair”, "O Senhor é um fanfarrão" e "Faca na caveira, nada na carteira" dão lugares a novas frases que devem conquistar o público, como "Tá de pomba-girice comigo?" e "Quer me f...? Me beija".

Os vilões: a milicia

Wagner Moura reprisa o papel de sua carreira, ele continua roubando a cena, e está ainda mais à vontade com o personagem que o consagrou. Seu talento é indiscutível. Dentro em breve ele pode correr o risco de não ser conhecido como Wagner Moura, mas como Nascimento. Um fenômeno estilo Jack Bauer/Kiefer Sutherland.

Nascimento e seu filho

No personagem ele convence, seja deprimido, seja cansado, chorando, ou dando seu bom e velho esporro. Nascimento deixa de ser um adulto nervoso para ser um coroa “heróico” cansado. Ele envelhece como no papel, mesmo não tendo “envelhecido” os mesmos 10 anos. Os outros gratos destaques são o militante e deputado Fraga, na pele do maravilhoso ator Irandhir Santos e o cômico, mas extremamente irritante Fortunato, uma cópia mais do que legítima de um famoso apresentador de tv, na pele de André Mattos. Ambos geniais. Não que o resto do elenco não seja totalmente fantástico, da gostosa e breve aparição de Tainá Muller até a volta não tão gloriosa de André Ramiro interpretando o agora furioso e esquentado Mathias. Todos fantasticamente bem.

Mathias

Rosane a ex-mulher de Nascimento

A evolução mostrada nos temas e na técnica do primeiro filme para este não desmerece de modo nenhum o longa original, que ganha ainda mais força ainda com o crescimento pessoal de Nascimento na seqüência. Mais do que uma sucessão de tiros e frases de efeito, Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro é uma obra densa e destemida, que não se furta em expor os problemas de uma sociedade doente e de um sistema político moribundo.

Nascimento na Secretaria de Segurança

Para muitos, 'Tropa de Elite 2' será o blockbuster de ação do ano (o que já se confirmou, pois ele já é o filme nacional mais visto da história desse país), com direito a efeitos especiais importados, cenas de ação mirabolantes e um enredo inteligente. Mas no fundo, é muito mais. Um retrato frio e cruel, porém realista, da nossa realidade. Afinal, "Qualquer semelhança com a realidade é apenas uma coincidência. Essa é uma obra de ficção". Filme Recomendadíssimo!

PRÓXIMAS CRÍTICAS: Harry Potter 7 – Parte I e A Rede Social. Aguardem!

Thiago Souza