LOS ANGELES, 23 Mar 2011 (AFP) -A legendária atriz Elizabeth Taylor, famosa por seus deslumbrantes olhos cor de violeta, seus oito casamentos e uma brilhante carreira cinematográfica, morreu nesta quarta-feira, aos 79 anos, vítima de complicações cardíacas.
Taylor estava há seis semanas internada no hospital Cedars-Sinai de Los Angeles com insuficiência cardíaca, de que já padecia há tempos e que se complicou recentemente, segundo um comunicado da família.
"Atriz famosa, mulher de negócios e ativista sem medo, Elizabeth Taylor faleceu de maneira tranquila hoje no Hospital Cedars-Sinai de Los Angeles", diz o comunicado.
"Ela estava cercada pelos filhos - Michael Wilding, Christopher Wilding, Liza Todd e Maria Burton", acrescenta o texto, que também lembra que ela tinha 10 netos e quatro bisnetos.
"Minha mãe era uma mulher extraordinária, que viveu a vida ao máximo, com uma grande paixão, humor e amor", afirmou Wilding.
"Seu trabalho cinematográfico notável, sua bem sucedida carreira como empresária e sua luta incansável contra o HIV/Aids, tudo isso faz com que fiquemos extremamente orgulhosos do que ela conseguiu", acrescentou.
"Todos sabemos que o mundo é um lugar melhor porque minha mãe viveu nele. Seu legado jamais morrerá, seu espírito estará sempre conosco e seu amor viverá em nossos corações", afirmou Wilding.
Taylor ganhou dois prêmios Oscar como melhor atriz: primeiro por seu retrato de uma jovem classe média em "Disque Butterfield 8" (1960), um filme que, segundo suas palavras, ela odiava. O segundo, "Quem tem medo de Virgínia Woolf?" (1966), considerado seu melhor trabalho e um dos muitos filmes que interpretou com seu marido Richard Burton.
Burton foi um dos grandes amores de Taylor - casou-se e divorciou-se dele duas vezes -, em uma vida que suas complicadas relações fora das telas muitas vezes eclipsaram sua brilhante carreira no cinema.
Ele se afastou do foco da mídia nos últimos anos de vida, quando sua saúde começou a declinar, mas nem a doença e a idade a impediram de comparecer em 2009 ao funeral de seu querido amigo Michael Jackson.
Elizabeth Rosemond Taylor nasceu em 27 de fevereiro de 1932 em Hampstead, Londres, filha de pais americanos. Em 1939, no início da Segunda Guerra Mundial, mudou-se com a família para a Califórnia.
Não demorou muito para ser descoberta pela namorada do presidente da Universal Studios e, em 1942, estreou no cinema em "There''s One Born Every Minute". Dois anos depois se tornou uma estrela infantil em "A Mocidade é Assim Mesmo".
Casou-se pela primeira vez em 1950, aos 18 anos, com o herdeiro da cadeia hoteleira Nicky Hilton. O casamento durou 203 dias e acabou em meio a abusos verbais e físicos.
Taylor seguiu adiante e, em 1952, casou com o astro britânico Michael Wilding, 19 anos mais velho que ela e com quem teve dois filhos, Michael Jr. e Christopher.
Apesar de Taylor dizer que Wilding havia lhe proporcionado estabilidade, isso não foi suficiente para ela. Pediu divórcio em 1956 e, poucos dias depois da separação, aceitou o pedido de casamento do produtor Michael Todd, com 49 anos na ocasião.
Dono de um caráter forte e dominante, foi o primeiro grande amor de Taylor. Tiveram uma filha, Elizabeth Frances, em 1957, mas, sete meses depois, um trágico acidente aéreo matou Todd no Novo México.
Devastada, a atriz foi ao enterro do marido com o melhor amigo dele, o cantor Eddie Fisher (marido da atriz Debbie Reynolds), com quem acabou tendo um romance e casou em 1959.
Depois veio "Cleópatra" (1962), "certamente a peça extravagante já produzida pela indústria do entretenimento", conforme ela mesma comentou. No set de filmagem, conheceu Burton e com ele se casou em 1964. Nesse ano, filmou "Quem tem medo de Virgínia Woolf", que falava de um casal destruído pela bebida e o desânimo moral.
Os dois se divorciaram em 1974 e voltaram a se casar no ano seguinte, para se separar de novo em 1976.
O divórcio fez Taylor se entregar ao álcool e a relaxar com a carreira. Seu sétimo marido, o senador John Warner, não conseguiu curá-la da tristeza. Eles ficaram casados de 1976 a 1982.
Depois de várias passagens pela clínica Betty Ford nos anos 80, conseguiu superar o alcoolismo e a dependência de remédios e se transformou na defensora da causa da Aids.
Em 1991, surpreendeu o mundo quando se casou pela oitava vez: agora seu marido era Larry Fortensky, um operário da construção 40 anos mais novo que ela e a quem conheceu durante sua reabilitação. Eles se separaram amistosamente três anos depois.
Além da beleza e do talento, Liz também se sobressaiu por sua defesa de causas sociais. Em função disso, recebeu muitas homenagens.
"Ela era, sem nenhuma dúvida, uma das personalidades que mais inspiraram a luta contra a Aids", destacou a AmfAR (American Foundation for AIDS Research) sobre a atriz.
"Ela deixa uma herança monumental que permitiu prolongar e melhorar a vida de milhões de pessoas e que enriquecerá outras, nas próximas gerações", destacou a associação.
A amfAR foi fundada em 1985, ano em que um outro astro de Hollywood, o ator Rock Hudson, amigo de Liz Taylor, morreu de complicações ligadas à Aids.
Elizabeth Taylor lançou sua própria Fundação contra a Aids em 1991, tendo recebido, no ano seguinte, o prêmio Jean Hersholt.
"Uma diva como não existe mais", resumiu o cineasta italiano Franco Zeffirelli, em seu adeus a uma das maiores estrelas da Hollywood dos anos dourados.
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