John Barry Prendergast nasceu em York (Inglaterra), em novembro de 1933. Desde a infância sua vida foi marcada pelo cinema, já que seu pai era o dono da rede de cinemas da cidade. Assim, o jovem Barry tornou-se projecionista, tomando contato com a magia da Sétima Arte. John nem mesmo havia deixado a escola ou começado a trabalhar para seu pai, mas já havia aprendido, sozinho, a tocar trumpete e piano. Posteriormente tornou-se fã dos clássicos (Korngold, Mahler...), e começou a tocar trumpete em uma banda de jazz local: The Modernaires. Mesmo durante o serviço militar ele não abandonou a música, integrando-se à banda do pelotão. Nessa época, começou a estudar música por meio de um curso por correspondência. Após sua graduação, realizou trabalhos como arranjador, além de compor.
O jovem Barry
Barry recusou várias ofertas para integrar bandas de jazz, já que estava decidido a formar seu próprio grupo. Com efeito, em 1955, John reuniu vários amigos e criou o The John Barry Seven, passando a apresentar-se em vários clubes ingleses. Sua grande chance surgiu em 1957, quando o grupo foi convidado a apresentar-se no programa da BBC "Six Five Special". O sucesso foi grande, gerando outros shows de TV como "Oh Boy", que teve grande repercussão. Em seguida, o grupo foi contratado pela gravadora EMI, para a qual gravaram compactos de grande popularidade. Barry experimenta o sucesso de vendas e o duro trabalho das turnês. Após mudanças na formação do grupo e trocas de gravadora, a carreira de John Barry no cinema estava prestes a começar.
Em 1960, John Barry realiza sua primeira trilha para o cinema: "Beat Girl". Seu trabalho junto à sua banda foi decisivo para que Barry fosse contratado. O resultado é uma obra em que predomina o jazz, com a voz de Adam Faith, cantor muito popular à época. Barry já havia trabalhado com Faith, e esta nova colaboração teve um grande êxito. Ironicamente, a consagração de Barry deveu-se ao trabalho irregular de outro compositor. Em 1961, enquanto Monty Norman compunha o score de "Doctor No", o filme que daria início à vitoriosa cinessérie de 007, os produtores buscaram ajuda de forma desesperada. Barry foi chamado para ajustar o irregular trabalho de Norman, e apesar de haver controvérsias a respeito, tudo indica que terminou compondo o mítico "James Bond Theme". Mesmo que esta paternidade seja discutida, todas as características de estilo do compositor estão ali presentes. O crédito foi para Monty Norman apenas por questões contratuais. De qualquer sorte, foi a partir daí que a carreira de Barry no cinema passou para a história.
Ao longo dos anos 60, Barry colaborou com o diretor Bryan Forbes, para quem compôs seis importantes obras. Delas, destaca-se "Zulu", a sua primeira partitura memorável, que brilhou com luz própria. Foi sem surpresa que Norman foi descartado e Barry passou a ser o compositor oficial da série 007: sua perfeição como músico de Bond foi demonstrada em "Moscou Contra 007", de 1963. No ano seguinte, Barry desbancou os Beatles nas paradas de sucesso, com a canção tema de "007 Contra Goldfinger", uma interpretação clássica de Shirley Bassey. Barry então divide o cinema com obras para a televisão, como a série "Vendetta", documentários sobre cidades ("Elizabeth Taylor in London", "Sophia Loren in Rome"...) e a série "Persuaders", cujo tema principal foi considerado, por muitos, como o melhor tema jamais escrito para a TV. A esta altura, "The John Barry Seven" já havia se dissolvido, e Barry completou os anos 60 com obras grandiosas e maduras, conquistando vários Oscars e encerrando a década com aquela que é considerada pelos críticos a sua obra-prima absoluta: "O Leão no Inverno".
A partir dos anos 70, o maestro começa a se desvincular da série Bond, que passa a utilizar-se do trabalho de outros compositores (George Martin, Marvin Hamlisch, Bill Conti). Assim, Barry começa a compor para filmes de gêneros diversos: "Mary, Rainha da Escócia", "O Abismo Negro", "Choque de Galáxias", "Monte Walsh", "King Kong", "Robin e Marian", "O Fundo do Mar" (cujo tema disco, cantado por Donna Summer, foi um grande hit). Paralelamente, Barry ainda produz para algumas produções televisivas. Para a série Bond, Barry compõe "007, Os Diamantes são Eternos", "007 Contra o Homem da Pistola de Ouro" e "007 Contra o Foguete da Morte".
O início da década de 80 não poderia ser melhor para Barry, que criou uma de suas obras primas, que não por acaso é um dos maiores sucessos românticos da história da música de cinema: "Em Algum Lugar do Passado". O compositor continuou a exercer sua maestria nos mais variados gêneros, ainda que com dificuldades para que as trilhas fossem lançadas em disco:"O Resgate do Titanic", "Frances", etc. O compositor despediu-se da série 007 com três obras que comprovaram que Barry foi - e sempre será - o grande mestre do "Bond Sound": "007 Contra Octopussy", "007 Na Mira dos Assassinos" e "007 Marcado para a Morte". Finalmente, "Entre Dois Amores" significou um novo reconhecimento da Academia a um gênio que entraria em uma crise pessoal que por pouco não lhe custou a vida. A involuntária ingestão de uma substância tóxica produziu em Barry graves problemas de saúde, que levaram a várias intervenções cirúrgicas.
A partir daí a saúde do maestro não foi mais a mesma, forçando-o a reduzir em muito seu volume de trabalho. Após uma recuperação quase milagrosa, o compositor criou outra obra de mestre. "Dança com Lobos" marca a vitória de Barry sobre a crise pessoal, um grande sucesso que lhe valeu mais um Oscar, dedicado aos médicos que salvaram sua vida. A partir daí a obra de Barry pareceu dirigir-se a um estilo predominantemente romântico e apurado, que culmina com "A Letra Escarlate". Em "Chaplin", realizou um magnífico trabalho pleno de sensibilidade, e em "O Especialista" compõe uma macro-suite de 60 minutos do que pode ser chamado de "música Bond depurada".
Apesar de ter uma série de partituras recusadas, o compositor não abriu mão de criar com total liberdade artística. Como resultado, abdicou em parte do cinema e compôs três concertos, sendo o de maior magnitude "The Beyondness of Things". Na fase final de sua carreira, Barry dirigiu sua música para projetos de natureza sentimental e/ou psicológica, de qualidade, sem se importar com sua nacionalidade, e declarou-se cansado de filmes que não lhe diziam nada, de pura ação, aos quais não poderia somar elementos psicológicos através de sua música. Cansado de Bond, passou o posto de compositor oficial da série para o jovem - e já consagrado - David Arnold. Seus últimos trabalhos para o cinema estão contidos em filmes como "Swept from the Sea" ou "Playing by Heart". Além disso, seus últimos projetos incluíram o lançamento de um álbum de canções celtas e uma série de concertos. John Barry faleceu no dia 30 de janeiro de 2011, aos 77 anos, em decorrência de um ataque cardíaco.
Fonte: http://www.scoretrack.net/barry.html
Ao levar John Barry, a mortre mais uma vez foi injusta conosco.
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