segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

EDITORIAL- OS SERIADOS DE CINEMA

Flash Gordon (Universal 1936)

Os seriados foram uma forma de filme B muito comuns na primeira metade do século 20. Usualmente tinham entre dez e quinze episódios, e cada episódio terminava com uma proposta extrema, em que o herói (ou a heroína) enfrentava uma situação de perigo, aparentemente sem solução, de forma a prender a atenção do público, levá-lo à curiosidade de ver o episódio seguinte, e conferir a forma com que o perigo seria superado (cliffhanger). Os episódios originalmente eram semanais, e sempre terminavam com um convite ao público para assistir o subsequente.

Jim das Selvas (Universal de 1937)

Os seriados geralmente envolviam um herói ou heroína lutando contra o mal, contra algum vilão, que continuamente os expunha a armadilhas ou situações extremas de perigo, e das quais o herói escapava bravamente. O instante final do episódio subentendia, muitas vezes, a morte ou a derrota do herói, mas no episódio subsequente o público conferia sua sobrevivência através da persistência e da coragem. A situação se repetia ao longo de todo o seriado, numa sequência de armadilhas e perigos contínuos, até que, finalmente, no último episódio, o herói vencia o vilão. Os personagens eram bastante caricatos, representavam heróis e vilões, e costumeiramente havia o “melhor amigo”, coadjuvante que funcionava como suporte para o personagem principal.

Reino Submarino (Republic 1936)

Diversos clichês eram usados nos seriados, para garantir seu sucesso. Um dos mais comuns era o instante final do episódio, quando muitas vezes o herói ficava à mercê do perigo: à beira de um precipício, atropelado por uma tropa de cavalos, inconsciente dentro de um carro rumo ao abismo, ao lado de um barril de dinamite prestes a explodir, entre outros (cliffhanger). Muitos filmes, posteriormente, utilizaram tais clichês para prender a atenção e o interesse do público. Como exemplos: o popular Indiana Jones, os três filmes da Mumia e O Fantasma dos filmes atuais, que utilizam uma série de clichês comuns em seriados antigos.

Flash Gordon Conquista o Universo (Universal 1940)

Entre 1908 e 1920, o cinema se desenvolveu através dos chamados filmes em série ou seriados, que se tornaram a grande atração das casas de projeção[1]. essa inovação não era, porém, uma criação do cinema, pois na época, em especial na França, eram populares os fascículos quinzenais com histórias policiais e de aventuras, os quais se espalharam pela Europa. Foi na França, portanto, que o seriado surgiu, com “Nick Carter”, em 1908, baseado nos fascículos, sob direção de Victorin Jasset. Mediante o sucesso da série, várias imitações foram feitas na Europa, tais como “Raffles]” e “Sherlock Holmes” na Dinamarca e “Nick Carter” na Alemanha.


Marte Invade a Terra (Republic 1945)

Os seriados se tornaram muito populares entre as crianças e os jovens da primeira metade do século 20, e geralmente as sessões de cinema, inclusive no Brasil, até os anos 60, eram precedidas por um episódio de seriado, como eram conhecidos então. Posteriormente, foram adquiridos pelos canais de TV, sendo apresentados então em episódios semanais ou diários. Grande parte era de western, mas havia os mais diversos gêneros: dramas, ficção científica, espionagem, aventuras na selva, além de adaptações de livros. Alguns chegaram a ser bastante dispendiosos, como foi o caso de Flash Gordon, que pode ser considerado uma das maiores produções de seu tempo.

The Perils of Pauline (1914)

A época do cinema mudo foi o auge dos seriados e grandes artistas foram revelados, tais como Pearl White, que estrelou o seriado mudo The Perils of Pauline, em 1914, além de Ruth Roland, Marin Sais, Ann Little e Helen Holmes. A época de ouro do seriado, porém, foi entre 1936 e 1945.
Com o advento do cinema sonoro, a Grande Depressão tornou difícil a sobrevivência das pequenas companhias cinematográficas. A Mascot Pictures e a Universal Pictures foram algumas das poucas que suportaram a transição do cinema mudo para o sonoro.

Mandrake (Columbia 1939)

Nos anos 30, algumas companhias independentes tentaram fazer seriados. Em 1937, o grande sucesso da Universal foi Flash Gordon, e no mesmo ano foi criada a Republic Pictures, que envolveu a absorção da Mascot Pictures, de forma que, em 1937, a produção de seriados estava na mãos de apenas três companhias: Universal, Columbia e Republic, com a Republic alcançando a liderança na qualidade das produções.


Capitão-América, O Vencedor (Republic 1944)

Cada companhia fazia quatro ou cinco seriados por ano, entre 12 e 15 episódios cada. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1946, a Universal transferiu sua unidade de seriados e foi renomeada como Universal-International Pictures. A Republic e a Columbia continuaram sua produção, ambas com quatro seriados por ano. A Republic fixou os seriados em 12 capítulos, e a Columbia em 15.

A Filha da Selva (Republic 1941)

Nos anos 50, as série televisivas e a venda dos velhos seriados para os canais de TV causaram o declínio dos seriados e o seu esquecimento gradativo. O saudosismo após os anos 50 incentivou a volta e a recuperação pelos fãs e pelos estúdios profissionais, com a restauração de muitos deles.

Os Perigos de Nyoka (Republic 1942)

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