sábado, 10 de novembro de 2012

EDITORIAL- A VOLTA DE JAMES BOND EM 007 – OPERAÇÃO SKYFALL

007 - Operação Skyfall

Foi lançado nos cinemas o filme 007 – Operação Skyfall, comemorando os 50 anos da estreia do filme 007 contra O Satânico Dr. No. O filme é marcado por um grande intervalo entre esta produção (2012) e a anterior 007 – Quantum of Solace (2008), fruto de uma crise financeira envolvendo o estúdio MGM. 


James Bond/007 (Daniel Craig)

A trama trás uma historia que não é uma continuação do filme anterior. Mostra uma missão mal sucedida por parte de 007 e outros agentes do MI6 que resulta num fato que vem prejudicar toda a organização e na sequencia toda a confiança que 007 tinha em M é colocada a prova quando ações do seu passado se voltam contra ela. 



Vou de imediato esclarecer: para mim, este filme é o melhor dos filmes realizados nesta nova fase que vai de Pierce Brosnan até Daniel Craig. O roteiro que é muito bom pega elementos de vários outros filmes: 007 – O Mundo não é Bastante, 007 contra Goldeneye e 007 – Permissão Para Matar. Neste filme temos um 007 vulnerável, com problemas de bebida e viciado em remédios, uma ameaça que vem do passado dos agentes com um James Bond passional e vingativo numa missão que assume um caráter pessoal, sem esquecer uma arma com um toque bem pessoal. 

Eve (Naomi Harris) e Bond

O roteiro escrito por Neal Purvis, Robert Wade (veteranos da cine-serie) e John Logan (todos por sinal, fãs confessos do agente), buscam aproximar o Bond dos filmes com o Bond dos livros, numa atitude muito boa, dosando cenas de ação com cenas que mostram bem que são os personagens e suas reais motivações. Antes muitos reclamariam que busca se exagerar na psicologia dos personagens, mas hoje o público quer e deve conhecer as reais motivações dos personagens do filme. 

Q (Ben Wishaw) e Bond


O filme avança para o futuro com os elementos do passado: M, Moneypenny e Q. Dois momentos do roteiro são inesquecíveis: o discurso de M na comissão do governo britânico, quando fala de coragem e de superação das dificuldades; a ida de Bond a sua casa na Escócia, encontrando lá um antigo caseiro chamado Kincaid (o veterano Albert Finney), onde conhecemos mais da personalidade do agente. 

Bond e Silva (Javier Bardem)

O que se deve falar sobre o elenco? Javier Bardem (Silva) é um dos melhores vilões e mostra bem que veio para deixar sua marca na cine-serie. Silva rouba todas as cenas que aparece e mostra ao mesmo tempo uma sensibilidade cativante. Sua primeira conversa com M é emocionante e seu primeiro encontro com Bond é divertidíssimo e mortal, mostrando que quando temos bom roteiro e ótimos atores, certamente ser verá um grande filme. 

M (Judi Dench)

Daniel Craig (007) mostra mais uma vez que todos que o criticaram no seu primeiro filme estavam errados. Temos um 007 mortal, passional, rebelde e decidido a cumprir sua missão. A maravilhosa Judi Dench (M) mais uma vez é um show a parte, com um equilíbrio perfeito entre emoção, arrogância e determinação, mostrando porque a atriz é uma das melhores de sua geração. 

M e Bond

O elenco de apoio merece destaque: Ralph Fiennes (Malory) antipático e ativo, sendo um trunfo no filme, as Bond-Girls Naomi Harris (Eve) com uma personagem carismática e inteligente; a belíssima Severine (Berenice Marlohe) que torço, torne-se uma estrela internacional. 

Mallory (Ralph Fiennes)

Sam Mendes em seu primeiro filme de ação mostra que tem competência para administrar uma complexa e caríssima produção, pois tem uma visão bem definida do que é o filme e o que ele, em quanto diretor, tem que fazer, abrindo espaço para os demais membros da equipe brilharem. Mendes é um diretor de elenco/atores e isso fica bem evidente nas cenas com os personagens, inclusive abrindo espaço para o elenco de apoio. 

Severine (Berenice Marlohe)

Maior exemplo desta característica de Mendes são as cenas com as Bond-Girls: Severine que se mostra assustada e ambígua, insinuando mais que falando e Eve uma agente inexperiente que comete muitos erros, de uma inteligência e carisma assustadores. 

Bond no Cassino em Macau

A equipe técnica merece destaque. O veterano Dennis Gassner com seu suntuoso e belíssimo cassino flutuante em Macau e sua nova sede do MI6, que mistura um antigo bunker da segunda guerra com instalações avançadíssimas é impressionante. Não temos mais os super-esconderijos ou grandes armas, mas o que se vê na tela é, repito, sensacional. 

A bela fotografia

O veterano e premiado Roger Deakins merece, também, destaque com suas imagens da costa de Istambul, suas montanhas (highlands) e campos da Escócia. Torço para que Gassner e Deakins sejam indicados a premiações. A trilha-sonora de Thomas Newman é muito boa, mas infelizmente não consegue superar ou mesmo igualar o Mestre John Barry e o excelente David Arnold. É uma trilha instrumental padrão, não se utiliza de jazz, salvo quando executa o The James Bond Theme e só. Fica difícil falar de um trabalho de Bond quando se tem Barry e Arnold para comparar. É boa. 

As cenas de ação

Merece destaque o excelente Alexander Witt (diretor de segunda-unidade) responsável pelas cenas de ação, que, simplesmente, criou as melhores cenas de ação da cine-serie. Todas as cenas de ação são empolgantes, criativas e com uma energia maravilhosa. Torço que Dan Bradley (diretor de segunda-unidade de 007 – Quantum of Solace) volte e supere este trabalho, brindando o público com algo ainda melhor e elevando ainda mais, o nível da ação presente nos filmes. 
A volta de James Bond ao cinema não poderia ter sido melhor.

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