quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

CRITICA - HARRY POTTER E AS RELIQUIAS DA MORTE PARTE 1

Harry Potter e As Reliquias de Morte Parte 1

Olá, nesse ano novo de 2011, escrevo minha primeira crítica sobre aquele que pra mim, foi o melhor filme de 2010............"Estes são tempos sombrios, não há como negar. Enfrentamos a maior ameaça de todos os tempos", anuncia o ministro da Magia Rufus Scrimgeour (Bill Nighy) na abertura de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1. A declaração dá logo o tom da jornada de mortes, dor e solidão que enfrentarão Harry Potter, Hermione Granger e Ron Weasley, e todos os cúmplices - passada fora de Hogwarts, o que já dá um sabor diferente dos outros filmes da franquia.

Harry, Hermione e Ron

No filme, Harry corre contra o tempo e dos fiéis Comensais da Morte de Lord Voldemort (Ralph Fiennes, caricato na medida certa) para destruir as Horcruxes, que guardam parte da alma do superbruxo. No caminho, descobre a existência de três poderosos objetos no mundo da magia: as Relíquias da Morte (A Capa da Invisibilidade, A Pedra da Ressureição e A Varinha das Varinhas, sendo o último ítem parte do clímax final). Neste longa-metragem raiva, angústia, medo, ciúmes e solidão se misturam de maneira explosiva ao fervor da adolescência. Sim, temos cenas de ação e perseguições, mas até estas são bem mais pesadas, incluindo elementos como tortura (até de um dos personagens principais) e mortes inevitavelmente dolorosas. O diretor sabe o quanto Harry cresceu desde que era o garoto no armário da escada, fazendo com que ele e seus amigos passem por um verdadeiro inferno rumo à maturidade.


O cineasta compreende que a audiência ficou mais madura no decorrer desta jornada, portanto a linguagem visual e narrativa é a mais sofisticada dos longas da franquia, com um clima de urgência e tensão quase ininterrupto durante os 146 minutos da fita. A fotografia está lá para ressaltar o quão frio e morto aquele mundo se tornou, em nada lembrando o clima alegre e acolhedor de Hogwarts. A trilha sonora completa o clima heróico, sombrio e melancólico da película, abrindo passagem para um momento primoroso da produção que é onde Harry tira Hermione para dançar. O andamento da cena e a forma em que a dupla vai da tristeza à alegria (mesmo que passageira) é lindíssima, exalando sentimento de amizade e companheirismo.


Os momentos mais tristes são aqueles protagonizados pelo trio interpretado por Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint. Carregados de emoção, os atores entregam suas melhores performances até aqui. Destaque para Grint, que sempre foi apoio cômico da história e agora mostra todo o amadurecimento como ator nas discussões com Harry no filme, em especial a que fala sobre o medo de ouvir o nome dos pais na lista de mortos divulgada pela rádio depois do terror espalhado por Voldemort.


Daniel Radcliffe carrega o peso do mundo em suas costas na sua interpretação como Harry, última esperança de um povo que parece irremediavelmente alquebrado. A audiência sente em Harry tal peso através cada movimento e momentos de dúvida do personagem, assim como na saudade de amigos perdidos e tempos mais simples. O que permite Potter ainda prosseguir na missão, a despeito de adversidades imensas e um pesar maior ainda, é uma vã esperança e a presença de seus amigos. O desespero de Rony e o seu apego aos amigos e à família fazem com que Rupert Grint mostre sua evolução como ator e seu desespero em dado momento jamais soa falso, tocando a audiência e tornando seu momento de bravura ainda mais poderoso.


Mas a força do trio vem de Hermione. Rony coloca isso muito bem ao falar para Harry que eles não durariam muito tempo sem ela. Emma Watson, centro emocional do filme, retrata bem quão devastada a “melhor aluna da sala” está, presa em um momento histórico que lhe obriga a apagar da memória de seus pais sua própria existência para salvar-lhes a vida. Hermione se vê dividida entre o que sabe ser certo e os próprios sentimentos e as lágrimas que Emma Watson derrama denotam o potencial da jovem atriz.


Os bruxos e Bellatrix

Não foram apenas os personagens que cresceram, mas seus atores que continuam magistrais. A despeito do elenco “veterano” estar ótimo, com destaque para o ameaçador Voldemort de Ralph Fiennes, é difícil imaginar um Voldemort melhor do que Ralph Fiennes, ou uma Bellatrix melhor do que Helena Boham Carter. Ponto pra eles que apostaram nos personagens, sem saber como eles seriam de fato desenvolvidos.

A escola dos bruxos


O tom da adaptação continua sombrio, como Yates já tratava elegantemente a série desde o quinto filme, mas desta vez há sequências ainda mais adultas, violentas (prepare-se para alguma tortura e sangue, como já falei antes) e dramáticas, tanto que fica difícil classificá-la como uma fantasia. Há, claro, três ou quatro cenas de ação, mas elas estão muito distantes dos animados embates dos primeiros capítulos da franquia. Entre cada uma delas há longas (corajosamente longas, pensando na grande parte do público acostumado a esse tipo de produção) cenas em que muito pouco acontece além da tensão recorrente da solidão de três adolescentes tendo que, pela primeira vez em suas vidas, assumir as rédeas de seus destinos, sem professores, pais ou responsáveis.


Harry em ação

Apesar dos muitos momentos de reflexão entre as fugas, e com momentos muito tenros, como a dança entre Harry e Hermione, as cenas de ação estão em sua melhor forma em Parte 1. Muito bem construídas, com uma tensão que beira o filme de terror, principalmente na sequência na casa de Bathilda Bagshot. E ao perceber a eficiência com que os personagens conseguem sair das situações, dão um misto de orgulho e melancolia, ao constatar como o tempo passou para Harry e Hermione, e em como estivemos presentes por todo o caminho. Também merece destaque a opção por contar "O Conto dos Três Irmãos", em que é explicada a origem das tais relíquias da morte, através de uma animação. O desenvolvimento ficou sensacional, mantendo sempre o clima sombrio da produção.

Voldemort e os vilões

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte I é sem dúvidas a obra-prima da heptologia inteira, pelo menos por enquanto que temos apenas a primeira parte do capítulo final. O filme é totalmente destinado aos leitores, tendo exatamente todos os acontecimentos das páginas retratados no filme, e por fim, Harry Potter ganha sua versão mais fiel para o cinema. Mesmo sendo difícil avaliar o filme pelo fato de ser uma passagem para a parte final, todo esse conjunto - formado pelas melhores performances do trio, técnica competente, jornada fora do escola de magia, entre outras qualidades - permite classificar o filme como o melhor da franquia até agora.


O poder do vilão

O único problema é que não sei o que é mais triste: o fato de que o próximo filme de Harry Potter será o último ou o fato de que teremos que esperar um ano para vê-lo. Mas o mais emocionante de tudo é ver que toda uma geração, a chamada Geração Harry Potter, cresceu com a franquia, baseada na ótima literatura de JK Rowling e um exercício de cinema ao longo dos anos. Os personagens foram amadurecendo na tela, enquanto os fãs cresciam no mundo real. Aqueles temas infantis abordados no início deram lugar a questões morais e existencialistas, um paralelo com a formação de cárater do público que os acompanhou.

PRÓXIMAS CRÍTICAS: A Rede Social, Tron – O Legado e Crônicas de Nárnia 3 – A Viagem do Peregrino da Alvorada;

RECOMENDO: 72 Horas (um filme como nunca mais tinha visto antes, simplesmente excepcional!), Amor Por Contrato (só a presença de Demi Moore já vale o filme), De Pernas Pro Ar (esse filme brasileiro é risada garantida do começo ao fim, Ingrid Guimarães e Maria Paula estão ótimas com sempre) e Incontrolável (a idéia de juntar o expert Denzel Washington com o novato, mas não menos considerado, Chris Pine, ajuda a dar o sabor nesse bom filme de ação);

NÃO RECOMENDO: Enterrado Vivo (infelizmente ainda não consegui enxergar o Ryan Reinolds como um grande ator, ele só tem feito filme ruim) e Demônio (M. Night Shyamalan até que não fez um filme ruim, mas ainda não voltou a ser o mesmo diretor de O Sexto Sentido).

Thiago Souza

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