domingo, 10 de abril de 2011

EDITORIAL – O FIM DE LOST POR FERNANDA FURQUIM



Vou reproduzir trechos de um artigo escrito pela especialista em series de TV Fernanda Furquim sobre o final de Lost. Fernanda foi editora da Revista TV Series, uma das melhores publicações que falava sobre as series de TV.
Espero que gostem da opinião:




A série teve maior estabilidade pela Internet, veículo utilizado pelos produtores, canal e fãs para disseminar o conteúdo desenvolvido, trazendo novas informações sobre personagens e situações, bem como disponibilizando referências paralelas. A utilização de novas mídias teve início na década de 90, com séries como "Arquivo X", "Xena, a Princesa Guerreira" e "Buffy, a Caça-Vampiros", sendo que "Homicide: Life on the Street", foi a primeira série a ganhar uma webserie paralela, em 1997, a qual chegou a ter um episódio crossover com a produção da TV. Ao entrar no Século XXI, a Fox investiu pesado nas ações paralelas das novas mídias e ferramentas que surgiram na Internet, através da série "24 Horas", embora "Lost" tenha ganho na proporção.




A série explorou vários elementos pré-utlizados na TV, tendo como principais referências (generalizadas) a série inglesa "O Prisioneiro", passando pela sitcom "A Ilha dos Birutas", o drama de curta duração "The New People", criado por Rod Serling no final dos anos 60; utilizando elementos narrativos explorados por "Kung Fu" e "Viagem Fantástica/The Fantastic Journey", ambas dos anos 70; tendo como referência direta "Twin Peaks", chegando ao reality show mencionado no início da postagem.






Ao longo de sua produção, os roteiristas criaram uma centena de situações misteriosas, com o intuito de prolongar a trama, o mistério que envolvia a ilha e o interesse do público pela história. Uma série, para gerar lucro sem custo, precisa ter uma média de 100 episódios produzidos, o que equivale a cinco temporadas. Esses episódios são então oferecidos em pacote às reprises, de onde sai o lucro dos produtores e de atores que têm estabelecido em contrato percentagens na venda da série. "Lost" fechou sua produção com 121 episódios.




Seu principal trunfo é a narrativa não linear. Apresentar a mesma trama com os mesmos mistérios, em uma narrativa linear teria matado a série logo no início, provavelmente na terceira temporada, pois dificilmente os produtores conseguiriam manter o interesse de um grande público por tanto tempo, seguindo uma narrativa tradicional. Primeiro com flashbacks, depois com flashforward, encerrando com flashsideways, que no final revelaram ser flashforwards (o futuro dos personagens após a morte), a série manteve seu frescor por seis temporadas.




Era humanamente impossível oferecer respostas práticas a todas as dúvidas, grandes ou pequenas, levantadas ao longo da série. Mesmo porque, muitas delas podem ter sido incluídas apenas como signos interpretativos, sem intenção de uma explicação racional. Assim sendo, no último episódio, os roteiristas trocaram a história pelos personagens. Nunca tiveram, de fato, a intenção de oferecer respostas que pudessem contentar a maioria. Assim, os roteiristas e produtores optaram em responder algumas dúvidas acerca dos personagens (situações e relações), dando aos fãs, a quem eles sempre agradeceram pela companhia, uma despedida sentimental.




Mesmo no final, "Lost" apresentou referências com o último episódio de "Contratempos/Quantum Leap", outra série que, junto com "O Prisioneiro" e "Twin Peaks", deixou um ponto de interrogação na cabeça dos fãs: Sam Beckett (Scott Bakula) estava ou não no limbo?

Fernanda Furquim

fonte: http://veja.abril.com.br/blog/temporadas/

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