terça-feira, 5 de outubro de 2010

CRITICA - O APRENDIZ DE FEITICEIRO

O Aprendiz de Feiticeiro


Olá, aqui estou eu novamente, depois de um longo período sem escrever.

Bem, se você está naqueles dias que seu nível de exigência com o cinema está próximo do zero, então existe um filme perfeito (na verdade, um batalhão, já que o cinema tem exigido cada vez menos do espectador): O Aprendiz de Feiticeiro nasceu como aquele produto que termina sendo exibido, anos a fio, na Sessão da Tarde e outras programações televisivas do gênero.

Baltazar e Maxim

No papel principal, temos Nicolas Cage protagonizando uma história fantástica, interpretando novamente um herói destemido, repleto de dons e que atravessou eras para defender o Bem. Nos primeiros cinco minutos – e não estou exagerando –, já está traçado o futuro de todos os personagens, além de também ter ficado claro como o filme vai terminar. Qual é a graça de assistir a uma aventura da qual já sabemos os desfechos?


Baltazar e Veronica

Balthazar Blake (ator de uma expressão só: Nicolas Cage), Verônica (a excelente Monica Belucci, que mal aparece no filme) e Maxim Horvath (o carismático Alfred Molina) são aprendizes de Merlin, na época da Idade Média. Antes de ser assassinado, o famoso mago fez um feitiço para eles não envelhecerem, até a malvada bruxa Morgana ser derrotada pelo Escolhido, que só iria aparecer centenas de anos depois, na figura de um nerd viciado em física (Jay Baruchel, em uma atuação digna de Framboesa de Ouro). Enquanto isso, Morgana e Veronica (a paixão de Balthazar) ficam presas em um receptáculo, com inúmeros outros bruxos do mal, dando um tempo na guerra entre Bruxos e Feiticeiros.

O feiticeiro e o aprendiz

Sobra, no final das contas, para Molina. Visto a imobilidade que a história deu à Monica Bellucci (como Veronica) para dar um salto de graça ao longa, o ator ao menos se mostrou preocupado em valorizar alguma coisa, nem que fosse o vilão. De fato, não há sequer um momento de genialidade perversa que colabore com a vontade de Alfred, mas pelo menos este se deu ao trabalho de esconder qualquer constrangimento por estar ali (e, em seu caso, o figurino não pecou tanto). Por algumas breves passagens, pode até dar gosto assistir a Maxim Horvath passear na tela.

Se valer de alguma coisa, há boas seqüências de ilusionismo. Os efeitos visuais realmente estão em ótimo ponto e ajudam muito para diminuir o sofrimento. Mas, méritos de verdade vão para a seqüência que presta homenagem ao clássico Fantasia, aquela em que Mickey abusa dos seus poderes e coloca as vassouras e baldes para limparem a sala de Merlin. Além, é claro, da peruca de Nicolas Cage, que sempre é uma alegoria a ser apreciada. Não importa o papel, Cage parece estar se divertindo. E aqui, sussurrando e fazendo pose de maluco, parece estar mais à vontade ainda.

Os herois no bairro chines

Algumas tomadas, como as feitas na cena do festival no bairro chinês, valem por serem minimamente mais arrojadas ao abrirem espaço para uma visão mais panorâmica da cena. Ainda assim, o clímax sofre quanto à participação do protagonista, que não o entrega à uma verdadeira batalha final, se resumindo a algumas exibições de truques de “mágica científica”. A direção e o roteiro competem no quesito preguiça. Na produção, impera a lei do mínimo esforço para tentar manter o interesse do espectador.

Magia e ciencia

O Aprendiz de Feiticeiro praticamente não exige nada de quem o assiste. Dá para comer pipoca, twittar, mandar SMS, conversar e perpetuar esses malditos hábitos cada vez mais comuns nas salas de cinema. Por ventura, voltar a atenção para a tela vez ou outra. Afinal, não há nada tão interessante assim no filme que nos faça sentirmos culpados por não darmos atenção a um filme que não nos pede atenção.

Thiago Souza

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